sexta-feira, 17 de abril de 2009

Boas ideias, com ou sem acento

Hoje acordei e lembrei que não tenho mais idéia. O fato é que, ideia agora existe sem acento. A fala precede a escrita, isso é um fato consumado. Aprendemos a falar e só depois de dominarmos é que aprendemos a escrever. Desde que aprendi a ler e escrever, “idéia” tem acento. As letras, as sílabas, os acentos, foram criados para representar sons que dão detalhes produzidos na fala. Agora mudou toda a minha idéia a respeito disso tudo. Estamos passando por uma reforma ortográfica que objetiva unificar a escrita nos países que falam português: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

Até então eu evitava me pronunciar a respeito em virtude do grande número de pessoas já aceitarem a tal "ideia", mas eu arrisco dizer que a reforma deveria ser somente realizada para simplificar a grafia. O objetivo, creio eu, deveria facilitar a aprendizagem, de modo que a sociedade escrevesse com menos erros. É só para para pensar. Tá vendo? Agora não tem mais acento no "pára", então fica assim mesmo: para para pensar. Pare e pense. A ausência do acento em algumas palavras nos faz "pará para pensar" que talvez escrever como se fala, (jente, sidade, caza e xuva, aí sim facilitaria a ortografia), causaria idéias complicadas sobre o desenvolvimento educacional do nosso país.

As deficiências educacionais não têm nada a ver com a dificuldade da língua, têm a ver com a qualidade do sistema educacional. Agora pergunto:irá este acordo ajudar a diminuir o número de analfabetos do nosso país? Não. É lógico que estamos precisando de outro tipo de reforma, essa sim seria uma excelente idéia. É preciso lembrar que a intenção da reforma é mais política e econômica do que linguística. Tem cunho exclusivamente político e sinceramente não sei quais vantagens trouxeram, para essa área, mas na área educacional não trouxe vantagem nenhuma. Os linguistas não foram questionados, e a reforma saiu o que saiu. É como querer reformar uma UTI sem consultar algum médico.

Escrever bem não é abolir os acentos, hífens e tremas.
No frigir dos ovos, deve-se mudar não o acento da idéia, mas sim as próprias ideias...

E para complicar ainda mais a situação esqueceram de avisar ao Word, que acentuou ideia sem eu mandar.

Clique aqui veja as mudanças.

Um comentário:

  1. Moça neh por nada não, mas concordo com você, jogou duro, realmente esta mudança ortográfica deveria ser revista...
    Juliana Santos

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